AS
MINORIAS SOCIAIS E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO NO ENSINO MÉDIO
Introdução
O presente texto tem por finalidade analisar a
autoridade (ou a falta de) e o papel das minorias sociais na produção de
conhecimento histórico escolar. O objetivo maior deste projeto é debater sobre
as diferentes formas de produção do conhecimento histórico e os sujeitos que o
produzem, assim como sobre sua legitimidade neste processo. Para tanto,
buscou-se estudar os caminhos a serem traçados que possam conduzir os alunos do
ensino médio a refletirem sobre o conhecimento histórico e sua produção,
escolar e acadêmica, seu papel enquanto agentes históricos e o papel histórico
das minorias sociais nesse processo, práticas indispensáveis para a formação e
solidificação da consciência histórica.
Pretende-se,
portanto, debruçar-se acerca de como ocorre a produção do conhecimento
histórico, sobre o que é história e quem são os sujeitos históricos, a fim de
rechaçar a visão positivista ainda existente de que a história é produzida por
e para grandes homens –
heróis e vilões – e que só são rememorados os grandes feitos e fatos do
passado, colocando em segundo e terceiro planos os acontecimentos e eventos
cotidianos, aqueles dos ditos “sujeitos comuns” – lugar onde estão alocadas as
minorias sociais na história. Como referencial teórico para este estudo, além
de autores(as) importantes que debatem sobre o ensino de história e o
papel histórico-social das minorias, como é o caso de Neusa Santos, foram utilizados também os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio
para a disciplina de história como ponto de partida, embasamento e
direcionamento no processo de ensinar e aprender história.
A importância de ensinar história
A
importância de estudar e, consequentemente, ensinar história está
envolta, sobretudo, na busca pelo pertencimento dos indivíduos a um grupo
social, de modo a encontrar e reconhecer a sua identidade histórica, social e
cultural. Ao ensinar história há que se ter um método de ensino muito bem
definido e claro, o qual estabeleça os objetivos do ensino, o caminho a ser
percorrido, os materiais e recursos que servirão de base para esse ensino e,
evidentemente, quais recortes temporais deverão ser feitos para que o público
em questão – alunos(as) do ensino médio – possam construir seu conhecimento
histórico ao longo do período letivo.
O
caderno de história dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs do Ensino
Médio destaca que o objetivo do ensino de história é conduzir o educando, de
modo que ele compreenda os elementos cognitivos, afetivos e socioculturais que
permeiam a sua realidade histórica e a de outras sociedades no tempo, uma vez
que:
“Os conhecimentos de História são
fundamentais para a construção da identidade coletiva a partir de um passado
que os grupos sociais compartilham na memória socialmente construída. A ênfase
em conteúdos de História do Brasil – como reza a LDB –, construídos em conexão
com conteúdos da chamada História Geral, em uma relação de “figura” e “fundo”,
é parte da estratégia de autoconstrução e autoreconhecimento, que permite ao
indivíduo situar-se histórica, cultural e socialmente na coletividade,
envolvendo seu destino pessoal no destino coletivo. (PCNEM, 1998, p. 12)”.
Desse
modo, pode-se perceber que o texto traz a importância de conduzir o estudante a
buscar, a partir do ensino da história, a sua identidade coletiva,
reconhecendo-se como sujeito histórico e social, transformador de sua realidade
e da realidade coletiva a que pertence.
Em
relação a que caminho seguir e o que fazer para que o conhecimento histórico
seja construído, reforço a ênfase dada pela Escola dos Annales ao tratamento e
à ampliação da ótica sobre a fonte histórica, fato que concede também ao
professor de história a possibilidade de trabalhar com diferentes
documentos/fontes históricas em sala de aula, como fotografias, pinturas,
vídeos, objetos, fósseis, testemunhos orais etc., que são de extrema
importância na condução didática das aulas, permitindo ao estudante
aproximar-se e até tocar na história.
Para
tanto, no ensino médio é importante que o(a) professor(a) de história
intensifique os trabalhos com leitura, análise, contextualização e
interpretação dessas fontes e documentos históricos, não enfatizando apenas
aqueles que dão base para a compreensão de sociedades e épocas passadas, mas
também as que estão em decurso no tempo presente. Pois, de acordo com os PCNs,
“[...] a História para os jovens do Ensino Médio possui condições de ampliar
conceitos introduzidos nas séries anteriores do Ensino Fundamental,
contribuindo [...] para a construção dos laços de identidade e
consolidação da formação da cidadania.” (PCNEM, 1998, p. 22, grifos do
autor). Isto é, amplia-se o leque e a abrangência de métodos e recursos para o
ensino da história, dada a adoção da nova história francesa e o avanço das
tecnologias de informação e comunicação.
Outro
fator de bastante relevância e que também consta no caderno de história dos
PCNs é a compreensão da importância da preservação da memória histórica e
cultural, na medida em que esta ação contribui exponencialmente para a
construção e manutenção das identidades sociais e coletivas, fator de
fundamental importância para evidenciar o papel histórico e social de grupos
minoritários – os negros, por exemplo – e chamar o aluno para o debate sobre o
lugar que ocupam esses sujeitos no presente à luz do passado.
As minorias sociais no ensino de
história
Quando
tratamos do negro, do indígena, da mulher ou do homossexual na história,
chamamos também o aluno para debater diretamente acerca do papel e do lugar
ocupado por esses sujeitos na sociedade contemporânea. É uma via de mão dupla.
E é neste momento que o papel da escola enquanto instituição social fica em
evidência, cuja função primária é fomentar e construir laços de cidadania por
meio da promoção do conhecimento. Mas, quais formas de conhecimento devem ser
ensinadas pela instituição escolar?
Cabe
aqui refletir, todavia, sobre as formas de conhecimento existentes na sociedade
e as que são ensinadas pela escola. De modo geral, o que é produzido pelas
comunidades não é considerado um saber válido pela escola/academia. E é essa
reflexão que aqui se propõe realizar. Qual o papel que ocupam os ditos
“sujeitos comuns”? As minorias sociais aqui já mencionadas – negros, indígenas,
mulheres, homossexuais – possuem voz na história? De acordo com Souza (1983), é
preciso afirmar a identidade minoritária através do discurso. Para tanto,
faz-se necessário conhecer a fundo a realidade dessas minorias.
A
autora em questão é Neusa Santos Souza, psiquiatra e psicanalista, que é negra
e luta em prol de duas minorias sociais: o negro e a mulher. Para ela, que
escreveu, em 1983, a célebre obra “’Tornar-se negro’- as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em
ascensão social”,
o termo “saber-se negra” significa viver a
experiência de ter a sua identidade massacrada no tempo/espaço e de ter sido
submetida a exigências absurdas e constrangida com expectativas alienadas.
E é essa negação do sujeito
minoritário na história que os(as) professores(as) de história, seja na escola
ou na academia, devem combater. Neusa Santos cita o negro, que de tanto ser
afastado de seus valores culturais e de ter tido sua história negada e apagada,
acaba por assumir o modelo de vida do homem branco como um padrão norteador e
único. Para ela, essa assunção da cultura branca é a única maneira do negro
“tornar-se gente”. No entanto, podemos ir além e buscar refletir também sobre o
papel da mulher, do indígena e do homossexual na história. Como e por quem é
escrita a história?
Santos (2002) traz um conceito de
extremo interesse e importância para a reflexão sobre a construção do
conhecimento, seja ele escolar ou não, que é o conceito de ecologia dos
saberes. De acordo com ele, há uma espécie de “monocultura do saber”, termo
garimpado pelo autor, que centraliza o conhecimento em uma única matriz,
subjugando e relegando a segundo plano os ditos saberes alternativos, que são
os produzidos no cotidiano do aluno, fora do ambiente escolar/acadêmico. A esse
respeito, Santos (2002, p. 33) afirma no capítulo segundo de seu artigo,
intitulado de “A crítica da razão metonímica”, que “Toda a ignorância é
ignorante de um certo saber e todo o saber é a superação de uma ignorância
particular” e que o “confronto e o diálogo entre os saberes é um confronto e
diálogo entre diferentes processos através dos quais práticas diferentemente
ignorantes se transformam em práticas diferentemente sábias”.
A partir dessas reflexões espera-se,
como já ressaltado, a proposição de um debate capitaneado por professor e
alunos acerca do papel das minorias sociais na história, buscando desconstruir,
ou pelo menos refletir minimamente sobre o fato de haver apenas um único padrão
de escrita da história e produção do conhecimento: o do homem branco ocidental
que escreve a história a partir da vertente tradicional e que considera somente
os eventos políticos como sendo válidos, isto é, aqueles que tratam dos grandes
heróis do passado e os fatos protagonizados por eles ao longo da história.
Considerações finais
A reflexão levantada por este texto teve como ponto de partida a
produção do conhecimento histórico escolar e o papel de grupos minoritários no
movimento e construção da história além de, sobretudo, pensar criticamente no
papel que a escola ocupa em se tratando de combater e desconstruir estereótipos
gerados pela história (tradicional) sobre a memória e a história desses
sujeitos.
A importância de se desenvolver esse tipo de abordagem com os
alunos do ensino médio é fundamental, na medida em que o tema em questão é
mister para conduzi-los a refletirem sobre o lugar e o papel histórico-social
do sujeito tido como comum, ao mesmo tempo em que os traz para dentro da
reflexão e construção da história e da consciência histórica. É a partir dessa
postura assumida por docentes e discentes que se pode pensar na produção de um
conhecimento capaz de transformar um aluno, historicamente passivo e receptor,
em um agente social ativo e questionador, capaz de refletir sobre as mazelas da
sociedade e de se enxergar como um agente histórico.
Nessa perspectiva, essa mudança de postura de
educadores e educandos contribui, exponencialmente, para que o próprio aluno, a
partir da construção de seu conhecimento histórico, reconheça suas origens
histórico-sociais e assuma sua identidade coletiva, na medida em que passa a
enxergar a história não mais como sendo um processo inerte e pronto, mas sim
como movimento, isto é, um caminho em construção e constante transformação, o
que o faz olhar para si próprio como sujeito atuante nesse processo, capaz de
alterar seu curso e preservar sua memória individual e coletiva. É nesse
sentido, portanto, que ele, aluno, deixa de ser agente passivo para assumir o
status de agente histórico.
Referências
Fábio Alexandre da Silva é professor de história e ensino religioso pelo
Centro Educacional Marista Champagnat e mestrando em educação pela
Unioeste/Cascavel.
BRASIL. Secretaria de Educação Média e Tecnológica.
Parâmetros curriculares nacionais:
ensino médio. Brasília: MEC, 1998.
SANTOS,
Boaventura de Sousa. Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das
emergências. Revista Crítica de Ciências
Sociais, n. 63, p. 237-280, 2002. Disponível em: <https://rccs.revues.org/1285>.
Acesso em: 22 ago. 2017.
SANTOS, Neusa Souza. Tornar-se negro: as
vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. 2. ed. Rio
de Janeiro: Edições Graal, 1983.
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ResponderExcluirBom dia!!
ResponderExcluirSobre a mudança de postura dos professores(as), ampliação/atualização de conteúdos que irão contribuir para o processo de formação da alteridade, isto é, de construção de identidades, se utilizando do ensino das temáticas como homossexualidade, feminismo, transexualidade, racismo...... Em sua visão, como a escola pode colaborar para está tomada de decisão? Temos políticas escolares que contemplem este processo?
Att,
Valdemir Paiva
Olá, Valdemir! Obrigado pela contribuição.
ExcluirNão enxergo a escola como sendo o pilar de transformações histórico-sociais tendo em vista o sistema econômico o qual pertencemos, no entanto comungo com a visão e a posição de Neusa Santos, autora de referência do meu texto, em que o campo educacional é co-responsável pela arquitetura das mudanças. No tocante à sua pergunta, entendo que a escola e seu corpo docente têm sim papel importante na problematização de questões tocantes às minorias sociais citadas por ti, até porque não faria sentido o trabalho em sala de aula se pensássemos de outra forma.
Já quanto às políticas, temos alguns instrumentos políticos importantes, como a LDB, o ECA e a lei 10.639/03, que dão vazão às problematizações acerca da história das populações minoritárias. Mas temos muito o que avançar ainda nesse sentido.
Espero ter auxiliado em suas colocações.
Abraço,
Fábio Alexandre da Silva
Boa noite !!
ResponderExcluirFábio parabéns pelo seu texto. Bom, você traz na sua análise a necessidade da desconstrução da história tradicional no livro didático e a importância da história das minorias, ou seja, o movimento da Nova História, a ‘história vista de baixo’. Nesse sentido, o processo de transformação da mentalidade tem se constituído um dos grandes desafios da sala de aula, fazer com que os alunos se descubram como sujeitos históricos em transformação e possam desenvolver capacidade crítica na compreensão dos processos históricos e de sujeitos históricos silenciados pela história tradicional. Não trago bem uma pergunta, vejo mais como um ponto para refletirmos. Vejamos, que o professor é uma peça fundamental no processo de transformação, isso não temos dúvida, agora, será que o alcance desse processo de transformação da mentalidade parte somente da mudança de postura do professor?!
Cirila Regina Ferreira Serra
Olá, Cirila! Eu que agradeço pela contribuição.
ExcluirVejamos, concordo contigo que pensar que somente o professor é agente de transformação histórico-cultural é um modo de pensar demasiado reducionista e até mesmo ingênuo. Não temos condições de promover transformações no plano das mentalidades apenas com o trabalho em sala de aula. Vejo pelo lado materialista histórico dialético em que a escola, o professor, o aluno e a sala de aula estão na superestrutura e são resultado de um sistema muito maior e que é articulador do modo de produzir a vida, o capitalismo.
Penso que para haver alterações profundas na mentalidade do indivíduo há que se transformar os elementos presentes na infraestrutura social, e a partir de então teríamos condições maiores de pensar em um modo de ensino mais abrangente em sala de aula. Porém, como eu disse ao Valdemir, não podemos deixar de executar bem o nosso trabalho diário e buscar, minimamente, uma mudança que traga empoderamento e elementos para o nosso aluno se enxergar enquanto sujeito histórico e agente de transformação social.
Espero ter sido claro.
Abraço,
Fábio Alexandre da Silva
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ResponderExcluirBoa noite !
ResponderExcluirJá que você usou como ambiente as escolas no geral, eu queria saber por que, na tua opinião, os colégios se recusam a usar a historia vista de baixo, como meio de fazer com que os alunos construam sua indenidade.
Porque sabemos que existem textos relatando situações cotidianas de todas as minorias, e caso esses textos fossem trabalhados os alunos conheceriam melhor os problemas das minorias, podendo assim construir sua identidade e quem sabe relacionar alguns dos problemas de antes com os problemas de hoje, o que poderia facilitar para que o professor estabelecesse um paralelo entre antigamente e hoje, técnica essa que atrai a atenção dos alunos.
Arthur Sales de Assunção Silva
Olá!
ExcluirEntão, essa é uma questão mais complexa e que não vai ter apenas um desdobramento. Temos que olhar que a escola é produto de seu tempo. No sistema capitalista, ela é apenas resultado das contradições desse sistema e, com o respaldo do Estado, reproduz o status quo burguês. Nesse sentido fica muito difícil os atores da escola, professores e alunos(as), tentarem romper com essa lógica. Um outro elemento que cabe na análise é a forte influência da história positivista, que considera apenas os grandes feitos e fatos para compor uma narrativa linear e totalmente genérica.
Espero ter contribuído.
Abraço,
Fábio Alexandre da Silva
Olá, primeiramente obrigado pelo texto, concordo com o tema proposto e realmente acho que as minorias devem ser inseridas nas aulas de História, mas penso também na realidade brasileira marcada pelo preconceito de raça e gênero onde os educandos quando chegam no ensino médio já apresentam comportamentos extremamente racistas e misóginos, muitas vezes comportamentos estes que são aprendidos em casa, creio que há de se fazer tal exercício de trabalhar temas tão sensíveis, mas como lidar com os alunos que não aceitam, por exemplo, estudar o homossexual dentro da História e principalmente como lidar com os pais desses alunos no sentido de fazer eles entenderem que estudar este tema é algo extremamente importante para a formação de seus filhos?
ResponderExcluirAtt.
Denis Garcez de Oliveira
Olá, Denis! Eu que agradeço a sua contribuição!
ExcluirBoa e delicada pergunta você levanta.
Realmente estamos marcados por problemas decorrentes da base produtiva e que vão afetar e afetam a vida de todos nós. E o aluno se depara, desde cedo, com situações de preconceito e discriminação, seja em casa, seja na escola, como você bem ressaltou. Lidar com isso não é fácil. Penso que essas desconstruções devem ser feitas desde o fundamental I, porém receio e lembro que no sistema capitalista a escola é apenas um elemento e que não tem o poder de transformação social, já que não está na base de produção material. Isso não quer dizer que não devemos tentar buscar, mesmo que de maneira mínima, naquilo que nos compete enquanto docentes, alguma mudança. Porém não depende apenas de nós, professores. Precisamos, sim, tentar melhorar o nosso fazer diário, porém todo esse panorama de desigualdades e mazelas sociais decorre de uma questão histórica, e não será alterado do dia para a noite.
Espero ter me feito compreender.
Abraço,
Fábio Alexandre da Silva
BOA NOITE,
ResponderExcluirESSE EXCELENTE TEXTO, TRAZ ELEMENTOS IMPORTANTES NO PROCESSO HISTÓRICO, QUE NO PASSADO FICARAM ESCUSOS, MAS ATUALMENTE ESTÁ SENDO MUITO DEBATIDO POR LEVANTAR UMA REINTERPRETAÇÃO HISTÓRICA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL. NESSE ASPECTO, COMO SE CONDUZ O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CRÍTICO NA INTERAÇÃO DO PROFESSOR E ALUNO NO MEIO ACADÊMICO VISANDO UM DESENVOLVIMENTO INTELECTUAL ADEQUADO?
ATT,
JÁYSON FELLYPE RIBEIRO PRADO
Olá, Jáyson!
ExcluirLembro que meu texto se ateve à questão da produção do conhecimento histórico escolar e não acadêmico.
Mas pensando na questão proposta, entendo que a produção do conhecimento histórico na academia é bem específica, não se misturando, na maioria dos casos, com o que se desenvolve na escola. Na academia, especialmente em universidades públicas, já se busca desenvolver, em história, a criticidade necessária para o ofício tanto de historiador quanto de professor. E isso se faz com leituras e estudos de fontes primárias e obras clássicas, especialmente, e debates constantes. Não sei se seria o desenvolvimento intelectual adequado, ipsis litteris, porém é algo inerente ao ofício do historiador, como já dito, e muito caro e importante no que diz respeito à pratica docente. Mas ainda há que se avançar.
Att.,
Fábio Alexandre da Silva
Olá Fábio.
ResponderExcluirGostei do seu texto, muito bom. Parabéns.
Concordo com você, pois, na minha visão é muito importante que os nossos alunos saibam a importância de se estudar História e desenvolvam o gosto por História. Gostei quando você disse a respeito das "diferentes formas de produção do conhecimento histórico que os sujeitos produzem". Fábio, mas eu gostaria de saber o que você quis dizer sobre a "legitimidade" neste processo para adquirir o conhecimento histórico, quando você se referiu a legitimidade, mas qual seria essa legitimidade?
E quando você diz "desconstruir estereótipos gerados pela história (tradicional) sobre a memória e a história desses sujeitos", o que você pensa a respeito dessa desconstrução histórica?
Att, Aline Karine Nunes.
Olá, Aline! Obrigado pela contribuição!
ExcluirEntão, refiro-me à legitimidade na vertente positivista da história, a legitimidade do sujeito dominante que produz uma história oficial e, portanto, impositiva e verticalizada.
Quanto aos estereótipos, são aqueles que vemos muito no momento atual e que reforçam as posições preconceituosas contra os grupos minoritários. Falo sobre os estereótipos que a história tradicional/política/positivista traz em seu bojo, de legitimar e enaltecer o homem branco ocidental, colocando-o em posição etnocêntrica, e tornando pejorativo e inferior todos os outros sujeitos, como o negro, o indígena, a mulher, o homossexual etc.
E isso encontramos muito até mesmo em livros didáticos de diferentes épocas, colocando o negro como inferior, dotado de força física e menos aptidão intelectual, trazendo o indígena como preguiçoso e a mulher como eterna submissa.
Espero ter contribuído.
Fábio Alexandre da Silva
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ResponderExcluirBom texto! Sou de Salvador/Ba e apesar de ser uma cidade formada sob forte influência africana, que por sinal é o maior pilar de nossa identidade cultural, o preconceito racial à cultura negra é latente. Nesse sentido, propor atividades diversificadas em sala de aula está fazendo diferença,como debates e o engamento artístico. Trazendo para sala de aula depoimentos de representantes dos movimentos coletivos aqui de nossa cidade, os alunos têm se identificado e assim nos distanciamos da leitura estereotipada dos sujeitos históricos para realizar uma leitura mais crítica sobre a realidade de nossa cidade.
ResponderExcluirDeise Machado Mendes
Prezado,
ResponderExcluirA abordagem das minorias no processo de educação/aprendizado e fundamental não apenas para a construção de uma identidade social ou construção de um grupo, mas também para desmistificar e gerar um aprendizado da história com vistas a apresentar as características de forma mais humana (para fugir do termo neutro). Nesse sentido, seu texto se fez muito claro para a compreensao do tema. No entanto, seria possível abordar a questão das minorias não recorrendo à questões ideológicas? Como abordar outras questões voltadas às "minorias das minorias"? Seria possível abordar estas questões de forma sóbria?
Obrigado,
Paulo Cesar Rebello de Oliveira