Policleiton Rodrigues Cardoso e Ellen Cristina Araújo Silva

HISTÓRIA POR MEIO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS – CUMBE A HQ SOBRE A ESCRAVIDÃO


Objetiva-se, neste artigo, apresentar dentre inúmeras possibilidades temáticas de trabalho, o uso de histórias em quadrinhos como recurso didático. A priori será explanada uma breve abordagem acerca do surgimento das Histórias em Quadrinhos, bem como suas mudanças e apropriações no decorrer do tempo, a posteriori, as possibilidades de trabalho com as HQ’s em sala de aula, com ênfase na HQ intitulada: Cumbe, desenvolvida pelo mestre em história da arte: Marcelo D’Salete, no qual em sua análise é possível observar diferentes contextos da escravidão brasileira no período colonial. 

Introdução
O uso de HQs e Mangás no âmbito historiográfico foram obtendo notoriedade após a década de 1970, em virtude da virada cultural que possibilitou novas abordagens as fontes que até então eram marginalizadas pelos historiadores. Dessa forma, o trabalho se insere nessa proposta, de versar sobre uma historiografia tradicional e compará-la a historiografia contemporânea, a fim de apresentar as lacunas deixadas pela historiografia que apresenta os escravos/africanos enquanto sujeitos passivos.
Tendo em vista a ausência de concepções atuais dos escravos em livros didáticos, apresentamos a possibilidade de se compreender as ações de resistência ao status quo por parte dos africanos no interior da HQ Cumbe de Marcelo D’Salete, dialogando com a historiografia que apresenta o negro como sujeito histórico ativo no regime da escravidão brasileira no período colonial. 

História em quadrinhos - surgimento
As Histórias em Quadrinhos são percebidas enquanto arte sequencial, acompanhando outros gêneros das artes como: cinema, desenhos, animes (posto que esse último se remete a Cultura Oriental Japonesa), entre outros. A estrutura das HQs modernos (narração, texto e imagem) tal como discernimos atualmente, surgiu com a tirinha The Yellow Kid, de Richard Outcault em 1894 e assim foram exteriorizadas por meio da revista Truth (entre os anos 1894-1895) e jornais (New York World -1895; New York Journal American – 1897).

Figura 1 – O Menino Amarelo (Yellow Kid), de Outcault.
http://jornal.usp.br/cultura/historias-em-quadrinhos-vivem-bom-momento-no-brasil-diz-docente/

As Histórias em Quadrinhos possibilitam inúmeros rendimentos de análises acerca da sociedade, no entanto os estudos por meio das HQs devem ser acompanhados e podem auxiliar na percepção de: transformações sociais dentro dos meios de produção, bem como a relação à sua materialidade, ao entendimento do meio social, e a questões políticas. De acordo com Carlos André Krakhecke (2009):

“Seus diversos enfoques possibilitam múltiplas formas de análise da sociedade, tomando, por exemplo, os quadrinhos estadunidenses de super-heróis, pode-se criar uma série de objetos de pesquisas como: o papel dos quadrinhos no esforço de guerra durante a segunda guerra mundial, o reflexo do macarthismo nos quadrinhos, os negros nos quadrinhos durante as décadas de 1960-70, as mudanças editoriais nas HQs pós 11 de setembro de 2001.” (Krakhecke 2009. p.38)

As HQs são uma excelente forma de ensino-aprendizagem, uma vez que há no meio historiográfico, pesquisas que fornecem métodos e conteúdo para serem destinados a orientar docentes na sua utilização como ferramenta pedagógica. Entre as pesquisas que utilizam as HQs, apresentamos  algumas como forma de exemplificar o avanço da “Nova História” em nos conduzir a inovações epistemológicas que possibilitam-nos novas linguagens na pesquisa e no ensino, dentre elas a do historiador Daniel de Souza Dutra (2014), em sua pesquisa, demonstra aspectos da cultura grega no interior do mangá Cavaleiros do Zodíaco, fazendo uso de fontes sequenciais e outros embasamentos com a intenção de demonstrar a relevância da arte serial para a construção do conhecimento histórico; Um trabalho notável sobre a utilização das Histórias em Quadrinhos como fonte histórica se deve ao historiador Carlos André Krakhecke (2009), que observa os processos de conflitos durante a Guerra Fria, e como esses influenciaram na criação de heróis, vilões, tramas que representavam muito bem a conjuntura do período. As HQs também auxiliam na elucidação de noções que são pertinentes para se compreender aspectos históricos.

Histórias em Quadrinhos como recurso didático 
Diante dos primórdios que desenvolveram a viabilidade de trabalho com HQ’s no ensino destaca-se, doravante, o programa que propagou tal forma de linguagem no âmbito escolar. Trata-se do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), no qual no ano de 2006 inclui obras em quadrinhos em suas diretrizes, perante duas vertentes: a primeira consiste nos quadrinhos serem um gênero literário e a segunda, pela ênfase em adaptações de obras clássicas da literatura universal.

Douglas Xavier de Lima no artigo intitulado “Histórias em quadrinhos e ensino de história” (2017) elenca a utilização e ampliação que se encontram as HQ’s no ambiente escolar, em meio a críticas e resistências desencadeadas desde o século XIX. De acordo com o autor, o final do século XX incorporou os quadrinhos de forma mais significativa, com fins educativos e que podiam ser utilizadas para a propagação de conteúdos escolares. (LIMA, 2017, p.148) 

Vale mencionar que um dos aspectos para incorporação dos quadrinhos no ambiente escolar também decorreu em virtude da crescente presença das HQs no meio acadêmico. Diante de tal afirmação, podemos citar trabalhos como: “A explosão criativa dos quadrinhos” (1970) desenvolvida por Moacy Cirne; “Quadrinhos e arte sequencial” (1999) Will Eisner; “Na escola com as histórias em quadrinhos” (2003) Cleoni Inácio.

A história em quadrinho como recurso didáticos possui a possibilidade de aumentar a motivação dos estudantes para os conteúdos da aula, posto que essa ferramenta aguça a curiosidade, incitando o senso crítico já que, as HQs possuem interligação do texto com a imagem, bem como a profícua possibilidade de compreender conceitos e conteúdos que, de outra forma porventura, não seriam efetivados visto que a linguagem e temas que se encontram nas histórias em quadrinhos são mais acessíveis e assimiláveis. (CARVALHO, 2012) Contudo é necessário frisar que a utilização dessa ferramenta no âmbito escolar é apenas um recurso e não o único mecanismo a ser utilizado pelo professor.

Quadrinhos no ensino de história 
O presente tópico busca abordar com mais afinco a possibilidade da utilização das Histórias em Quadrinhos no ensino de História visto que, como já mencionado anteriormente, os quadrinhos possuem inúmeros elementos passiveis de discussão. Johnni Langer (2009, p.01), elenca alguns motivos que distanciaram/distanciam as HQs do ensino. Segundo o autor, a HQ embora seja uma arte estreitamente vinculada ao cinema e a literatura nunca conseguiu obter um status na academia em geral semelhante a essas duas formas de comunicação e entretenimento, isso decorre dos antigos sistemas educacionais, que concebiam este tipo de arte como “negativa” para a formação educacional. Outro distanciamento advém da formação dos professores, visto que a maior parte dos docentes não tem uma formação adequada para analisar os suportes iconográficos junto a seus alunos. Vale mencionar, que isso vem mudando tanto na academia, quanto no ambiente escolar. Uma das razoes dessa mudança é a inserção de disciplinas nos cursos de Licenciatura que, inserem esse tipo de abordagem, bem como incentiva a criação de projetos e possibilidades temáticas para se trabalhar com esse tema em sala de aula. Tendo como exemplo a disciplina PCC V - Estratégias de ensino de História no ensino fundamental.

Possibilidade temática
O conteúdo sobre a África é obrigatório na educação básica, posto que a legislação exige a prática do estudo da história e cultura afro-brasileira, assim como a indígena, contudo essa última não se insere na proposta do artigo. A lei nº 11.645, de 10 de março de 2008, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, garante em seu art. 26-A que “nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena”.

Lecionar sobre história da África é um grande desafio para o âmbito educacional, dado que de certo modo a historiografia que é apresentada no manual didático possuiu um caráter conservador e com perspectivas eurocêntricas, apresentando teses racistas, inferiorizando os africanos, apresentando esporadicamente os negros enquanto sujeitos históricos, tratando de forma homogeneizada os três séculos de escravidão presente no Brasil, entre uma miríade de dados que estão em desacordo com as novas perspectivas historiográficas.

A nova historiografia demonstra a escravidão na “América” desde o século XVI ao XIX caracterizando os escravos enquanto edificadores de sua própria história, ou melhor, trata-os enquanto sujeitos ativos, e não passivos de posicionamento dos europeus.

Na perspectiva do historiador africanista Joseph Ki-Zerbo, há à necessidade de se reescrever a história da África, posto que é fundamental para a elucidação da “verídica” história, pois a história escrita por meio dos europeus foi “mascarada, camuflada, desfigurada, mutilada”, pela “força das circunstâncias”, ou seja, pela ignorância e pelo interesse.” E por essa “fixação” da imagem leva a pensar que a África é constituída apenas desses adjetivos, ou seja, uma representação da África por meio dos escritos, pois o continente foi extremamente estigmatizado pelos textos/imagens e ainda continua sendo. A representação é construída pela classe dominante, isto no período colonial o grupo preponderante eram os europeus, e conforme ressalta Roger Chartier: “As representações do mundo social, embora aspirem a universalidade [...] são sempre determinadas pelos interesses de grupo que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discursos proferidos com a posição de quem os utiliza.” (CHARTIER, 1990, p.17)

A representação do escravo enquanto passivo se deve a grande parte da historiografia europeia que se ocupou em colocá-lo nessa posição, isto é, uma antiga historiografia que simplifica as relações de escravos, em que mantem o sujeito escravo inteiramente submisso ao seu senhor, não dando possibilidades desses indivíduos se movimentarem e negociarem com seus senhores.

O historiador João José Reis (1989) percebe as práticas dos escravos no Brasil de modo que foge de uma historiografia tradicional, colocando o negro resistente ao status quo. Os escravos possuíam manobras no interior do sistema escravista de modo que conseguiam negociar com seus senhores, de maneira que não rompia com o sistema, em contrapartida as fugas de rompimento são compreendias como uma ruptura ao sistema escravista que os negros africanos eram impostos. Outra forma de negociação estava na ameaça de fuga que era percebida como forma de negociação entre escravo e senhor.

Mediante a essa representação dos escravos como sujeitos da História, desmitificando a imagem do escravo brasileiro, uma vez que a produção acadêmica observa os escravos numa perspectiva ora de passividade ora de agressividade, a HQ desenvolvida pelo mestre em história da arte: Marcelo D’Salete que, assim como REIS e SILVA (1989) alude a escravidão numa posição intermediária, em um espaço de manobras, de indefinições, de negociações, e de conflitos.

HQ Cumbe - Marcelo D'Salete
“Cumbe” é uma HQ composta por quatro histórias perpassadas no período de escravidão no Brasil Colonial, desenvolvida por Marcelo D’Salete, um quadrinista e mestre em história da arte pela USP. Nela D’Salete buscou evidenciar o cotidiano de escravos abordando elementos como: sentimentos de fé, amor e liberdade conduzindo os personagens centrais (os escravos) que almejavam a liberdade diante do sistema no qual estavam inseridos.

A linha de trabalho do autor consiste na temática sobre a escravidão e, suas principais fontes foram obras de diversos historiadores como: Flávio Gomes, Décio Freitas, Clóvis Moura, Nei Lopes, Edison Carneiro, João Felício, além da biblioteca do Museu Afro Brasil. É de suma importância elencar a linha de pesquisa e as fontes que o autor utiliza em seus trabalhos, visto que corroboram para o entendimento da ótica da escravidão exposta pelo autor na HQ.

Em “Cumbe”, o autor procura abordar as faces daqueles sujeitos históricos que resistiram ao sistema da escravidão. É perceptível analisar inúmeros aspectos passiveis de discussão na HQ mencionada no presente momento. O próprio significado do título deixa evidente a intenção do autor, pois apesar da palavra “Cumbe” significar “quilombo” em alguns países, o autor a coloca na linguagem africana no qual a palavra representa signos como o sol, o dia, a luz, fogo e a maneira de compreender a vida e o mundo. Destaquemos esse último significado, pois, em síntese, é o que vai ser retratado no trabalho de Salete: tratar de histórias sobre a resistência negra africana contra a escravidão, bem como pequenas ações de rebeldia do cotidiano nas vilas e fazendas, ou seja, mostrar as relações sociais do quotidiano do período da escravidão, analisados pelo ponto de vista do escravo.


Imagem 02 - tradições e expressões africanas
Fonte: HQ Cumbe, 2014.

Diante da convicção que o Brasil é oriundo de origens diversas, e parte dessa vasta origem deve-se a cultura dos índios nativos e aos africanos, o autor, ao elencar o ponto de vista do escravo durante a construção da história preocupa-se com a ressignificação de símbolos e palavras da cultura destes atores, além de manter diversas referências a expressões e tradições africanas trazidas pelos escravos.

HQ Cumbe e Ensino de História
Cumbe é uma história de resistência e luta de escravos negros durante o século XVII. Por meio do contexto da escravidão brasileira inserida no livro didático é possível uma profícua associação com o quadrinho, posto que o mesmo possui vários elementos para se pensar esse contexto, inclusive mais além dele, visto que tradicionalmente não são retratados lutas cotidianas ou relações sociais difundidas pelos escravos, somente a passividade ou agressividade desses atores históricos.

A HQ é composta por quatro histórias com o total de 176 páginas. A escolhida para a proposta é a terceira história com o mesmo título do livro: Cumbe. Tal sessão trata de um tema bastante emblemático nas relações e dinâmicas da escravidão: revoltas e conflitos permeados no cotidiano.
Para realizar a proposta mencionada, foi preciso a análise de um livro didático, a fim de conhecer o seu conteúdo e inserir a Hq na abordagem. Dessa forma, foi escolhido o livro produzido no ano de 2010: PROJETO ARARIBA –HISTÓRIA – ENSINO FUNDAMENTAL II – 7ºANO. No qual em sua 8ª unidade, possui um capítulo intitulado O Nordeste colonial, seguido de temas como: A economia açucareira; A vida nos engenhos; Escravidão e resistência; Trocas e conflitos. Tais temas além de se associarem com a HQ escolhida nos faz perceber os avanços e novas perspectivas que o conteúdo da escravidão tem desencadeado nos livros didáticos, visto que ao falarem de resistências, trocas e conflitos entram em conformidade com aquilo que vem sendo produzido na academia: que o escravo fora um sujeito histórico ativo. Outro avanço que pode ser mencionado é que, além da inserção da HQ no conteúdo proposto; ao final da abordagem, o livro sugere um trabalho em grupo para criação de uma história em quadrinho acerca dessa temática.

Partindo mais afinco ao tema proposto no capítulo e a inserção da HQ por hora citada, partimos para tema do livro Trocas e conflitos, pois como já foi mencionada anteriormente, Cumbe busca abordar a escravidão no período colonial brasileiro a partir de um ponto de vista de negros e africanos escravizados. Diante disso, o professor pode elencar o conteúdo exposto no livro que, em geral não relata pela ótica dos escravos e assim, relacionar as duas visões, como um cruzamento de fontes e, dessa forma o conteúdo terá mais riqueza, bem como percepção e absorção por parte dos alunos.
Mediantes aos conflitos elencados na HQ, pode-se mencionar que, nem sempre há uma dicotomia de africanos escravizados de um lado e senhores brancos do outro. Sabe-se que era uma sociedade bem hierarquizada, mas por outro lado havia uma ideia de assimilação. Porém, também há uma preocupação em mostrar a violência intrínseca da escravidão e as diferentes formas de resistência negra contra esse sistema, bem como a atuação e sobrevivência de diferentes contextos da escravidão brasileira.

Imagem 03

Imagem 04
Fonte: HQ “Cumbe”

Imagem 03 e 04 retiradas da HQ, Imagens retiradas da HQ, no qual representam alguns contextos de conflitos entre escravos e senhores de engenho. O contexto no qual as imagens se inserem são de momentos em que escravos da cultura de bantu, revoltam-se em virtude da violência desacerbastes praticada pelos senhores de engenho. Cabe ressaltar que muitas das abordagens realizadas aqui, elencam a questão de liberdade com um caráter coletivo.

Vale mencionar que, o professor pode tecer uma visão mais fundamentada acerca dos atos contidos na Hq no contexto de negociações/resistência mediante a análise de trabalhos historiográficos, verbi gratia: Escravidão e liberdade nas Américas de Keila Grimberg, no qual por meio de pesquisas jurídicas, elenca casos específicos de africanos escravizados que se envolveram em algum tipo de conflito com os senhores e isso geralmente ia parar na justiça.

Portanto, mediante história do negro no Brasil, principalmente no período da escravidão, que trata a população negra como vítimas e marginalizados, a Hq visa mostrar que também existia resistência. Sendo assim, por meio das discussões elencados no livro didático o professor pode dar uma excelente aula que contemple o conteúdo da escravidão e insira novas visões desse período. Por meio da HQ Cumbe, ser trabalhados pontos como: Cultura africana; resistência dos escravos; conflitos no dia a dia; cotidiano daquele contexto.

Considerações finais 
As Histórias em Quadrinhos são percebidas enquanto um notório diálogo que pode/deve ser levado ao âmbito educacional enquanto um complemento pedagógico. As HQs são expressivas, tanto no sentido de ideias quanto de formação epistemológica dos discentes, posto que é uma linguagem que está presente nas escolas, mas que perpassa um meio social mais amplo. As HQs são construídas de acordo com as interpretações de seus autores, posto isso buscamos uma HQ produzida pelo historiador Marcelo D’Salete que buscou por meio de seus conhecimentos históricos e habilidades de designer criar quadrinhos que visassem a resistência à escravidão no Brasil pela perspectiva dos povos negros, utilizando seu HQ produzido em 2014 chamado Cumbe, no qual percebemos importantes elementos da historiografia contemporânea que visa a desconstrução da imagem do escravo enquanto passivo da “superioridade europeia”.

Em Cumbe, os escravos – personagens centrais – ganham cor, traço, sombra variadas histórias acerca período colonial. Mediante sua análise foi perceptível elencar uma relação do que vem sendo construído na academia e obter a possibilidade de inseri-la no ensino básico: observar e tratar o escravo como um sujeito histórico ativo, posto que há inúmeros aspectos para compreender a escravidão negra no Brasil Colonial, bem como o cotidiano e particularidades daqueles atores históricos que por vezes foram marginalizados tanto na historiografia tradicional, quando nos livros didáticos.

Referências
Ellen Cristina Araújo Silva é graduando do curso de História da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, no Campus de Estudos do Trópico Úmido.
Policleiton Rodrigues Cardoso é graduando do curso de História da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, no Campus de Estudos do Trópico Úmido.

CARVALHO, Juliana. Trabalhando com quadrinhos em sala de aula. CECIERJ – Educação Pública, publicado em 19/05/2009. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0116.html, acesso em 12/11/2012

CHARTIER, Roger. O Mundo como representação. Estudos Avançados, vol.5, n°11, Jan./Abr. 1991.

KRAKHECKE, Carlos André. Representações da guerra fria nas histórias em quadrinhos Batman – o cavaleiro das trevas e Watchmen (1979-1987). Dissertação de mestrado (PUCRS). Porto Alegre, 2009.

KI-ZERBO, Joseph. Introdução Geral. In: KI-ZERBO, Joseph (Org.). História Geral da África: Metodologia e Pré-História da África. Vol. I. Brasília: Unesco, 2010.

LANGER, Johnni. O Ensino de História Medieval Pelos Quadrinhos. In: ____. História, Imagem e Narrativas, Nº 8, abril/2009 – ISSN 1808-9895,

LIMA, Douglas. História em quadrinhos e ensino de História. Revista História Hoje, v.6, nº 11, 2017
PROJETO ARARIBÁ. História. Editora Moderna (org.). Obra coletiva, concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora responsável Maria Raquel Apolinário. 4.ed. São Paulo: Moderna, 2014, 6º - 9º ano.

REIS, João José; PAIVA, Eduardo França (Orgs.). Negociação e Conflito: A Resistência
Negra No Brasil Escravista. São Paulo: Companhia das Letras, 1989
Entrevista acessada em: www.vitralizado.com/tag/marcelo-dsalete/ 06.02.2018



6 comentários:

  1. Boa noite Ellen e Policleiton,

    Primeiramente, parabéns pelo trabalho realizado. Há ainda resquícios de estereótipos na obra de Marcelo D'Salete?

    Maicon Roberto Poli de Aguiar

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    1. Boa noite Maicon Aguiar,

      Obrigado pelo elogio ao nosso trabalho.
      Primeiramente, a obra de Marcelo D'Salete tende a fugir de esteriótipos pré-concebidos e que muito aparecem nos manuais didáticos. Um dos objetivos da obra de D'Salete é fugir de uma figura de escravo como sujeito passivo, essa muito difundida no meio historiográfico, principalmente em obras que antecedem a década de 1990/80.
      Ao analisar a obra, não constatamos a reprodução dos mesmos (esteriótipos), mas aparecem uma abordagem interessante e "nova".

      Obrigado por sua pergunta.

      Att. Policleiton Cardoso e Ellen Cristina

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  2. Prezados autores, em primeiro lugar, gostaria de parabenizá-los pelo texto e proposta apresentados. Sou entusiasta do uso das histórias em quadrinhos, dentro e fora da sala de aula. Conheci "Cumbe" no ano passado, cursando uma disciplina do Mestrado, na qual nos foi apresentado o conto "Malungo". Me encantei de imediato com a obra e com as possibilidades por ela suscitadas, algumas por vocês elencadas e outras por mim identificadas, como ir além de suas questões aparentes e discutir outros temas que a perpassam, como a violência sexual. Por trazer uma linguagem de poucas palavras, mas com forte impacto visual, a obra também me pareceu bastante apropriada ao ensino para alunos surdos, campo que pesquiso. No entanto, em minha experiência profissional, atuando há duas décadas em escolas públicas da periferia do Rio de Janeiro, me deparo com questões reais que podem obstaculizar a proposta apresentada por vocês. Destaco três: a impossibilidade financeira de aquisição do livro pelos alunos, a dificuldade de compreensão da narrativa por esta se apresentar de uma forma diferente das quais estão acostumados (HQs de heróis norte-americanos, mangás, Turma da Mônica, isso quando leem quadrinhos) e a resistência por parte de discentes e seus familiares, muitos dos quais evangélicos, que associam representações da religiosidade africana ao mal. Diante do exposto, pergunto: que estratégias sugerem para viabilizar o uso didático de Cumbe nas aulas de História conforme proposto por vocês?

    Paulo José Assumpção dos Santos

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    1. Boa Noite Paulo Assumpção,

      A utilização de Hq's ainda é problemática, posto que, como já dito por você, ainda se encontra marginalizado no campo das ciências, tanto por alguns pesquisadores/professores, quanto por alunos e pais. Em grande parte das escolas é difícil sua utilização, uma vez que o valor não se encontra acessível a todos os alunos. Uma forma que poderíamos dar a contornar esse problema seria a utilização de tecnologias com viés educativo. Claro, sei que é um desafio, em virtude de que nem todos os discentes dispõe de celulares, tablets ou computadores, se o docente perceber que há como fazer esse contorno o material poderá ser scanneado e divulgado na sala de aula, com proposito educativo.
      Outra possibilidade, é o scanneamento do material e sua divulgação em computadores da escola, isso quando a escola dispõe, o que nem sempre ocorre.
      Encarar a tarefa de ser professor é ter maneiras de contornar esses problemas. Mas o fim é gratificante. rs

      espero ter conseguido auxiliá-lo ou pelo menos abrir caminho, rs

      Att. Policleiton Rodrigues Cardoso

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  3. Primeiramente, parabéns pelo trabalho. O tema da minha monografia é voltado para o uso de história em quadrinhos, e algumas vezes escuto que esse talvez seja um material didático/fonte um tanto infantil. Confesso que um tanto me irrita ouvir esse tipo de fala, pois sabemos que as HQ's estão no mundo e fazem parte da história humana. Então como apresentar para os professores e até mesmo para alguns alunos que essa não é uma fonte infantil ou uma mera perda de tempo?

    Brenda Hanna Chagas Peso

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