Luciano dos Santos Ferreira


RETÂNGULOS, BALÕES E NEGRITUDE EM HQ ONLINE: ESCRAVIDÃO ENTRE ÁFRICA E SERGIPE NO SÉCULO XIX


Nosso objetivo é fazer uma interpretação da lei 10.639/03 e indicar não o melhor, mas, ao menos um caminho em que se possa trilhar com mais propriedade do que se deveria inserir nos conteúdos de história da África, da trajetória dos africanos e dos afrodescendentes de maneira regionalizada, na instrução dos discentes nos anos finais da educação básica. Visto que a lei exige a inserção, ao passo que na prática ficou delegado a interpretações das editoras de livros didáticos, que muitas vezes falha em fazer compreender a problemática do negro escravizado, como este se constituiu cidadão, co-construtor de uma nação que ainda luta para fazer valer os seus direitos mais básicos como a real igualdade. Precisamos deixar claro aos estudantes que o fato da África ser chamado de “o continente negro”, não significa que há uma homogeneidade étnico-cultural-religiosa, ao contrário, o africanista Alberto da Costa e Silva (2011) afirma que as Áfricas são muitas, justamente pela diversidade humana e cultural. Mas há um recorte identitário, são as culturas que nos foram legadas, de africanos específicos que vieram para o Brasil, principalmente valorizar essas impressões como dádivas ricas para um sentimento positivo e orgulho de uma nação.

É importante ressignificar a escravidão como um modelo heterogêneo e diversificado em todo o Brasil colonial e imperial, diferentemente do que alguns livros costumam exibir, tendencialmente demostram o modelo escravista do centro-sul como padrão implícito para o restante do país, ou o escravo na lavoura de cana-de-açúcar do Nordeste, ou o escravo nas plantações de café, o que no mínimo, mostra uma visão descontextualizada do todo que foi o processo de escravidão. Que se adaptou a contextos locais e temporais, possuindo não só diferenciações em relação aos espaços inseridos, como da temporalidade, assim como nas especificidades laborais dos afrodescendentes. Evidentemente há dificuldade para generalizações, e estas simplesmente têm sido em muito ignoradas, provocando a prevalência de um modelo regional de escravidão sobre os outros.

As HQs são ferramentas excepcionais para os jovens, capaz de provocar interesse, reflexão e construir colaborativamente o aprendizado da história da África aqui problematizada, o desenvolvimento de uma História em Quadrinhos (HQ), onde entre retângulos e balões, façam diálogo da negritude com experiências positivas, e que possam coaduna-se com a afirmação de Marta F. da Silva Severo e David Ferreira Severo para quem:

“[...] a proposta da inserção de HQs na sala de aula de História é vista como instrumento pedagógico capaz de mediar o processo de aprendizagem do aluno. As HQs possuem uma linguagem fascinante ao agregar o texto escrito e a imagem, ao tempo em que possibilita ao aluno a produção de conhecimento desenvolvendo sua criatividade e o poder de síntese” [2017, p.2].

Historiografia sobre África e escravidão no Brasil
A lista de historiadores que trataram do tema África e da africanidade no Brasil – enquanto estado da arte do produto didático aqui ensejado – seja sob os aspectos culturais, políticos, sociais ou econômicos é longa. É temeroso, portanto ausentar algum autor ou trabalho importante dessa discussão, por isso as agruras de uma seleção são sempre muito complicadas. O que incluir e o que deixar de fora? Por isso, escolher se faz necessário em razão do tempo e da própria linha de pensamento que se deseja seguir norteando esse trabalho, segue abaixo as referências que a princípio constituem os referenciais necessários para alimentar o roteiro da narrativa histórica que se pretende dar ao HQ proposto.

Alberto da Costa e Silva, africanista com estudos de fôlego, como o “A Manilha e o Libambo” (2011) apresenta sólidas referências sobre a história dos africanos desde antes da escravidão e o translado Atlântico pelos europeus. Sua obra se torna essencial à medida que sua narrativa se dá, em grande parte, no retratar de localidades africanas antes dos europeus, e por conhecer a mentalidade africana in loco, remetendo à compreensão do escravismo africano local e da exigência posterior de fluxo comercial. É importante para o produto final que as viceralidades do trauma escravista sejam expostas e se compreenda a ruptura proporcionada pelo processo, bem como as resistências e adaptações que se deram após a fixação do ente africano na colônia portuguesa na América.

Em “Ser Escravo no Brasil: séculos XVI – XIX” (2016), Kátia Mattoso elabora a pesquisa sobre a escravidão brasileira, com foco no Nordeste e muitos relatos específicos da Bahia. A autora dialoga com os movimentos no eixo Sul/Sudeste, principalmente após a proibição definitiva do tráfico negreiro em 1850 (ainda sob proibição desde novembro de 1831), numa espécie de rede comercial interna. Paralelamente a expansão da produção cafeeira na região Sudeste, principalmente no Vale do Paraíba, que aos poucos foi deslocando o volume da produção agrícola de exportação do Nordeste para o Sudeste, e com ela também a circulação da mão de obra escrava, base da mão de obra da produção brasileira. Não deixa de fazer um diálogo relevante com Sidney Chalhoub, autor que centrou sua pesquisa no regime escravista do período imperial, em “A Força da Escravidão” (2012) temos uma visão bem fundamentada das consequências da proibição do tráfico escravo de 1831.

Em “Visões de Liberdade” (2011), o mesmo autor, dá voz a negros, escravos ou não que viveram no final do século XIX em processos criminais e de compras e vendas. Para a pesquisa interessa colher exemplos de vida, trajetórias reais, em geral registradas nos arquivos da Biblioteca Nacional (BN) e do Arquivo do Primeiro Tribunal do Júri da cidade do Rio de Janeiro (APTJ) para entender como eram conduzidos os referidos processos. Os processos envolvem ladinos de vários estados do Nordeste, que em consequência da Lei nº 541 de 4 de setembro de 1850, proibia o tráfico negreiro definitivamente, daí a intensificação do comércio interprovincial. Com relevância para alguns tópicos importantes, principalmente sobre as contribuições de Perdigão Malheiros que já na década de 1840 debatia a “coisificação” do escravo e da “ficção” que para ele era a escravidão, corroborado pelas contribuições de Fernando Henrique Cardoso (CHALHOUB, 2011, p. 44), isso para entender que o escravo poderia influenciar nas decisões de sua venda, contrariando a falsa ideia de passividade dos africanos. Vale ressaltar que os processos de alforria não aconteciam de maneira pacífica, melhor esmiuçada por Mattoso (2016).

Sharyse Piroupo Amaral com “Um pé calçado, outro no chão: liberdade e escravidão em Sergipe” (2012), é obra importante para compreender a escravidão no estado, uma vez que ao traçar a história do trabalho nos engenhos da região da Cotinguiba entre 1860 e 1900 oferece um mapeamento das etnias, identidades, estratégias de sobrevivência e resistência africana que ali se configuraram. Assim como a dissertação “Ô levanta nego, cativeiro se acabou: experiências de libertos em Sergipe durante o pós-abolição” (1888-1900) (2016) de Edvaldo Alves de Souza Neto e “O 'cativeiro se acabou': experiências de libertos em Sergipe no pós-abolição. História, histórias” (2016), de autoria coletiva de Edvaldo Souza Neto, Cláudia Nunes e Petrônio Domingues. Corrobora-se a ideia de que:

“[...] a historiografia tenta compreender o passado mediante um procedimento que nega a perda, outorgando ao presente a potestade de recapitular o passado num saber. Com a morte e contra a morte, o trabalho do historiador desliza num espaço de ausência e de produção, entre a lei do presente e da ilusão realista, oscilando entre um narrar histórias e um fazer história” [ORELLANA, 2012, p.16].

HQs na sala de aula
O historiador Amaro Xavier Braga Júnior no artigo Histórias em quadrinhos, informação e memória: uma análise de “passos perdidos, história desenhada: a presença judaica em Pernambuco” (2013) afirma o grande potencial das HQs na esfera do entretenimento, da educação e do exercício da cidadania, sob a égide de: “[...] uma cultura de massa integrada, que não distingue público leitor de consumidor ao agregar tanto elementos populares, quanto sofisticados. E que, sobretudo, se dispõe a atender a qualquer consumidor” [2013, p.818].

Um interessante artigo intitulado “Do Universo dos Quadrinhos a Sala de Aula: Mafalda À Aula de História” (2017), de autoria de Vitória Duarte Winger e Jander Fernandes Martz, traz para o centro do debate o protagonismo da personagem feminina de seis anos, criada por Quino na década de 1960, abordando temáticas como Guerra do Vietnã, capitalismo, comunismo, direitos humanos e paz mundial com uma forte predisposição para o ensino da disciplina de História nos ensinos fundamental e médio. 

Nos 300 anos de Zumbi de Palmares foi lançada uma edição comemorativa em HQ, ilustrada por Álvaro Moya, com roteirização de Clóvis Moura (1995), reeditada pela Secretaria de Educação e Cultura de Betim.

Figura 1: Parcial da página inicial da HQ Zumbi dos Palmares
Fonte: HQ disponível em: http://lemad.fflch.usp.br/sites/lemad.fflch.usp.br/files/hq%20zumbi.pdf, Acesso em: 24/08/2017.

Personificado na historiografia brasileira como o herói dos escravos, Zumbi dos Palmares, teve sua trajetória primeiro estudada por Rocha Pitta na obra “História da América Portuguesa” que ao afirmar a lenda do suicídio da liderança negra é contraposto por Clóvis Moura, que na apresentação da HQ, termina seu escrito com uma citação da documentação pesquisada por Edison Carneiro em “O Quilombo dos Palmares” e no trabalho do historiador português Ernesto Ennes denominado “As Guerras nos Palmares” que afirma:

“[...] o governador Caetano de Mello Menezes ordenou que sua cabeça fosse pendurada em um pau e exposta “no lugar mais público desta praça a satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam este imortal” [HQ ZUMBI, 1995].

Esse rápido passeio pelas produções em quadrinho revela uma gama de possibilidades para o professor de História em sala de aula, bem como o interesse crescente da juventude negra em ver-se e reconhecer-se em representações imagéticas que contenham referenciais cotidianos de seu modo de vida, de suas crenças, de seus gostos e sonhos. Nenhuma aula conseguirá um bom resultado junto a grupos sociais que se veem muitas vezes marginalizados nos próprios livros didáticos. A construção de pontes entre identidade, alteridade e autonomia perpassa a elaboração de novas metodologias, por isso a proposta da HQ aqui apresentada.

Construção da HQ
A junção de história e ficção sempre esteve presente e diluída em muito da historiografia, mas também sempre foi uma temática espinhosa e difícil, demonizada por alguns e tida como solução para outros. De fato, é difícil e delicado unir a verossimilhança da história à ficção e sua narrativa, principalmente porque muitos ainda nutrem a perspectiva de que a história é a narração ou problematização da verdade. Se se desconstruir o conceito de “verdade” da narrativa histórica e percorrer aportes mais abertos à rigidez tradicional, perceberemos que, se bem estruturada pode surtir excepcionais efeitos para a compreensão das mentalidades e dos contextos que se inserem, até porque, ficção pode ser apenas um termo empregado, que poderia ser expresso como o conceito de representação coletiva ou memória coletiva, uma bricolagem de fatos e vivências em locais e épocas diferentes, mas que são fatos, apenas foram catalisados numa figura específica simbolizando as tantas outras que sofreram tais consequências.

A metodologia para compreensão do que foi a escravidão na colônia brasileira nesse trabalho se iniciaria com a criação do um personagem baseado na memória coletiva: uma menina nascida em Angola na segunda metade do século XIX. Trazida inicialmente para Salvador por mercadores portugueses ao arrepio da lei, desde 1831 o tráfico transatlântico se encontrava proibido (CHALHOUB, 2012, p. 36), a ingênua fora recolhida a um engenho no Recôncavo Baiano por alguns anos. Após anos de trabalho, por sua inabilidade com o trato doméstico, apesar de suas feições “finas”, ela é encaminhada ao trabalho compulsório de sol a sol na plantação de cana-de-açúcar. Meticulosamente instruída sobre a língua, após alguns anos fora vendida a um senhor de engenho da região da Cotinguiba em Sergipe Del Rey. Fincada em pesquisa de contextualização desde a vida na África, passando pela reconstrução étnico-cultural-antropológica a trajetória da garota transcorre a rota seguida por milhões de pessoas, portanto a personagem é apenas um pretexto para inserir as vivências, as mazelas e insalubres condições pelas quais passaram os africanos até chegar ao destino final, o mercado de escravos. No decorrer de sua trajetória, serão tratados diversos aspectos próprios da escravidão: a violência contra a mulher, os estupros e os abusos pelos senhores brancos; a indumentária e as relações de gênero, bem como as construções da funcionalidade social de cada sexo; os hábitos cotidianos tanto na convivência antes da captura, ainda no ambiente nativo como no trato social entre os africanos e afrodescendentes nas senzalas.

A ideia é aplicar nas classes do ensino médio, mas com suportes diferenciados. Para o professor poderá criado um site com as informações mais técnicas, sugestões para enriquecimento de repertório, bibliografias e referências cinematográficas acerca do tema, além de textos narrando a montagem do produto final que é a história em quadrinhos (HQ), para que o auxilie na melhor abordagem segundo suas próprias concepções metodológicas. Pois, é bom lembrar, que não se trata de uma fórmula pronta sobre o tema. Para os estudantes, que, sem dúvida são o foco principal do produto desenvolvido, especificamente para aulas de História, poderão ler uma HQ, e possam, apesar da seriedade do tema, abordá-lo de maneira mais lúdica e agradável, tendo em vista a proximidade e a penetração que esse tipo de literatura possui entre os adolescentes e jovens; de modo a lerem-na e relerem-na várias vezes a ponto se apropriar do tema.


Figura 2: Rascunho da protagonista Njinga da HQ
Fonte: Obra do desenhista Mauro Pena, 2018.

Há ainda um escasso material sobre a escravidão em Sergipe, sendo a região da Cotinguiba um pouco mais documentada, ainda que com número reduzido de produções. Pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe têm uma contribuição expressiva, mas parece que a temática não tem sido oxigenada por novas pesquisas, o que se faz necessário pela dinamicidade das concepções atuais.
A Cidade de Aracaju, fundada em 1855, possui um período escravista pequeno do ponto de vista da totalidade do contexto nacional, mas ainda assim muito relevante considerando-se o final do regime escravista, quando as leis abolicionistas possuíram influência significativa sobre o comportamento escravo. Entretanto, ainda há pouco material discorrendo sobre isso, embora seja um nicho promissor de pesquisas.


Figura 3: Rascunho da protagonista Njinga da HQ
Fonte: Obra do desenhista Mauro Pena, 2018.

No cerne da questão, Portugal deu sequência na América o já havia feito no Algarve, na Ilha da Madeira e Açores: o plantio de cana e processamento em engenhos na produção de açúcar, como explica Kátia Mattoso (2016, p.40). Só para o Brasil 6.200.000 de indivíduos foram trazidos para essas lavouras, posteriormente para as de café, entre 1502 a 1860 (Mattoso, 2016, p. 42). Nossa personagem pertencerá a esse contingente de escravizados, capturada em meio às disputas tribais, nessa época, movidas à base do escambo por armas de fogo, cachaça e fumo, diferentemente das conchas (caurí) do início do tráfico negreiro (Mattoso, p. 47). Portanto, já fazendo parte de um comércio bem estruturado. Conduzidos pelos lançados (branco ou mestiço que viviam na corte dos reis africanos, atuando como intermediários no comércio escravo) ou pombeiros (geralmente recebiam os escravos dos lançados), os recém escravizados eram conduzidos até a feitoria onde aguardavam a chegada dos navios negreiros. Mattoso (2016) também descreve os cuidados tomados na alimentação e com os enfermos, já que as boas condições da “carga” eram essenciais para a manutenção do preço, experiência vivida por Njinga.

A travessia atlântica sempre foi muito cruel com os africanos, e em vários sentidos, em idos do século XIX era notório que os que embarcavam jamais voltariam, além do sofrimento do desterro e da quebra dos laços familiares, a religiosidade deixava de fazer sentido espiritual para o africano, já que a crença se ligava a geografia nativa, e o nativo perdia a identidade. A personagem será uma das integrantes na viagem rumo ao desconhecido no negreiro Progresso, embarcação conhecida pela historiografia, descrita por Pascoe Grenfell Hill (2008) com detalhes, relatando o sofrimento dos embarcados numa viagem à Cidade do Cabo, sob custódia da marinha inglesa, que teria como destino o Brasil. Um relato pesado, cruel e duro das condições as quais eram submetidos homens, mulheres, sobretudo crianças. O Progresso era um negreiro de aproximadamente 11 metros de comprimento e outros seis de largura que foi capturado em 1843, na foz do Quilimane, com 447 escravos, destes 189 homens, 45 mulheres e 213 crianças (Hill, 2008, p. 62).

Na estória da HQ de Njinga, a chegada ao Brasil será tão tumultuada quanto a própria viagem, e nossa personagem assim como os demais escravos serão desembarcados clandestinamente em barris, numa praia deserta e à noite, com base no relato de Sharyse Piroupo do Amaral (2012, p. 320), como era comum desde 1831, quando o tráfico negreiro fora proibido, porém configurando-se numa lei “para inglês ver”. A princípio sua chegada será em Salvador, um destino comum para os escravizados da época, e levada para o Engenho da Freguesia no Recôncavo Baiano; engenho bem equipado tendo a senzala e o local da purga do açúcar destruídos pelos holandeses à época da invasão a Salvador. Hoje, a casa grande mesmo tombada pelo IPHAN e intitulada Museu do Recôncavo encontra-se fechada e abandonada, no distrito de Cabôto, município de Candeias, há aproximadamente 50km da capital baiana. Por uma série de questões abordadas ao longo da HQ, nossa protagonista será vendida para uma região próspera que floresceu com o plantio e produção de açúcar na Província de Sergipe Del Rey: a Cotinguiba.


Figura 4.
Disponível em: pt.wikipedia.org/wiki/Engenho_da_Freguesia Acessa em: 08/03/2018.

O Engenho Triunpho, propriedade de Luiz Barbosa Madureira Mainart será o destino de nossa personagem, lá ela terá contato com o quilombismo e figuras conhecidas do referido movimento, como João Mulungu, e tantos outros da resistência quilombola (Amaral, p. 175). Por fim, após ser meeira, conseguirá a alforria parcial (justamente para mostrar aos estudantes como se davam as negociações de liberdade, comuns principalmente após a Lei do Ventre Livre) nesse espaço de ações limitadas, nossa personagem conseguirá comprar a própria liberdade, vivendo na recém-inaugurada Santo Antônio do Aracaju, a nova capital da Província desde 1855, onde será evidenciada a vida de uma liberta no pós abolição.

Referências
Luciano dos Santos Ferreira é professor da SEC (Secretaria do Estado da Educação da Bahia), Técnico em Assuntos Educacionais do Instituto Federal de Sergipe e mestrando do PROFHISTORIA pela Universidade Federal de Sergipe – UFS

AMARAL, Sharyse Piroupo do. Um pé calçado, outro no chão: liberdade e escravidão em Sergipe (Cotinguiba, 1860-1900). Salvador: EDUFBA; Aracaju: Editora Diário Oficial, 2012.

BRAGA JÚNIOR, Amaro Xavier. Histórias em quadrinhos, informação e memória: uma análise de “passos perdidos, história desenhada: a presença judaica em Pernambuco”. Anais eletrônicos do V Colóquio de História da UNICAP. Recife, PE, 2011. Disponível em:  http://www.unicap.br/coloquiodehistoria/wp-content/uploads/2013/11/5Col-p.817-830.pdf, Acesso em: 21/08/2017.

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DOMINGUES, Petrônio; SOUZA NETO, Edvaldo A.; NUNES, Cláudia. O 'cativeiro se acabou': experiências de libertos em Sergipe no pós-abolição. História, histórias, v. 4, p. 93-112, 2016.

DURKHEIM, Emile. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

GOMES, Flávio dos Santos. História de quilombolas. Membros e comunidades de senzalas no Rio de Janeiro, século XIX. São Paulo: Companhia Das Letras, 2006.

HILL, Pascoe Grenfell. Cinquenta dias a Bordo de um Navio Negreiro. tradução Marisa Murray. 2 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008.

HQ ZUMBI DOS PALMARES. Ilustração de Álvaro Moya e texto de Clóvis Moura. MG: Prefeitura Municipal de Betim, 1995.

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WINGER, Vitória Duarte; MARTZ, Jander Fernandes. Do Universo dos Quadrinhos a Sala de Aula: Mafalda À Aula de História. Revista Gestão Universitária, 2017, Disponível em: http://www.gestaouniversitaria.com.br/artigos/do-universo-dos-quadrinhos-a-sala-de-aula-mafalda-a-aula-de-historia, Acesso em: 24/08/2017.


4 comentários:

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  2. Sou mestranda em História e dentre as atividades desenvolvidas, elaborei um artigo sobre a perspectiva das HQ na educação étnico-racial no ensino/aprendizagem em História. Gostaria de te indicar uma referência bibliográfica que achei que tem muito a ver com seu trabalho.
    FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, 48ª edição. São Paulo: Global, 2003.
    Tem também o livro em Quadrinhos em formato PDF, só pesquisar na internet que você acha.
    Dê uma olhado para conferir, espero ter ajudado.
    Minha observação é que, em geral quando há referência à África, a visão que temos é generalizada e estereotipada, sempre pensamos em pobreza, doenças, crianças magras, desnutridas, que passam fome e vivem em moradias precárias. A questão é que a África, assim como os negros que a habitam, sofre certo tipo de preconceito em relação às condições que foram apresentadas ao longo do seu contexto histórico.

    Minha pergunta é: Você concorda que existe em nosso país o mito da democracia racial que, tenta cobrir os preconceitos existentes e através de políticas públicas como as cotas e outros benefícios pretende "quitar" uma dívida com os negros pela situação desfavorável que os colocaram na História e que se estende até os dias atuais?

    Daiane Cristina de Faria

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  3. Obrigado pelas dicas Denise, vou procurar a bibliografia que me indicou, inclusive gostaria de ler seu artigo, me envie por favor para luciano.sferreira@hotmail.com. Sim, ainda existe o mito da democracia racial de maneira bem enraizada, mas os professore historiadores,sociólogos, antropólogos tem difundido o contrário, que o Brasil é profundamente racista, só que camuflado numa pseudo-democracia racial, os movimentos negros de todo o país têm contribuido substancialmente para dizer que não! o racismo no Brasil existe e ele está na novela, no trânsito, na escola pública, nas universidades, etc. Quanto a política do cotas, vejo como medida necessária mas não como a salvação da pátria, outras medidas precisam ser implementadas paralelamente, como a melhoria da educação nas periferias, comunidades quilombolas; a instrução dos país também seria importante, as classes dão manutenção às suas posições de geração a geração, essas medidas e ainda outras deveriam ser aplicadas de uma só vez, e as cotas terem efeito temporário, até a sociedade produzir condições de disputas mais igualitárias. As cotas como estão soam como assistencialismo, e não é esmola que o povo negro deseja, mas condições para lutar pelos seus espaços. Abraços

    Luciano dos Santos Ferreira

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