Wesley de Oliveira Silva

PROBLEMÁTICAS NO ENSINO DE HISTÓRIA INDÍGENA

O ensino de História Indígena certamente está causando muito alvoroço a muitos dos docentes no Brasil, uma vez que como a temática se tornou obrigatória, o que está preocupando os professores é se existe uma formação que seja necessária para lidar com este conteúdo em sala de aula [cf. SILVA, 2016, p. 148-149].

Mas o problema vai muito além, pois o desconhecimento de muitos professores sobre a temática é apenas um dos problemas. Há também a questão das percepções erradas sobre o assunto, geralmente afirmando mitos famosos ou considerações que não correspondem com as verdades envolvidas na história dos povos indígenas.

Os discursos e seus problemas
Uma crença comum é de que todos os indígenas são iguais, de que todos têm a mesma cultura (especialmente no caso do Brasil), ou ao menos são assim que muitos dos povos indígenas são retratados diariamente. Todavia, ao analisarmos de forma mais crítica os próprios conceitos que são frequentemente empregados para se referir a algo neste objeto de estudo, encontramos mais problemas, sendo o uso equivocado de conceitos, talvez, os mais preocupantes. Desses conceitos equivocados e também etnocêntricos, um deles é o de “índio”.

Sabendo que este termo não representa a complexidade a quem ele quer referenciar, ou seja, a todos os habitantes da América durante a chegada dos europeus ao continente americano, vemos um grande e nítido problema: é um conceito extremamente genérico.

Ao se referir a sociedades de organizações políticas, culturais e sociais diferentes, resumir tudo isso a uma palavra é no mínimo muito descomedido. O conceito de índio foi atribuído logo nos primeiros contatos entre os europeus e os americanos, sendo empregado por Cristóvão Colombo, que em algumas de suas viagens à América, ele estava certo que aquelas terras eram pertencentes a Índia, consequentemente, chamando todos os habitantes de índios. Mas logo o erro foi rapidamente percebido por outras pessoas, como o navegador Américo Vespúcio, por exemplo [cf. SOUZA NETO; SILVA; SCHURSTER, 2016, p. 25-28].

Contudo, embora muitos saibam que esse não é o melhor termo para se referir aos povos nativos da América, o seu uso ainda se faz muito presente até os dias de hoje, englobando todos estes povos nesse conceito, sem respeitar ou considerar múltiplas diferenças culturais [cf. SILVA, 2009, p. 121-123].  Hoje em dia, por exemplo, várias são as notícias informadas em jornais, revistas, telejornais, ou obras que abordam esses povos (seja em séries, novelas, filmes) que estão, ainda e infelizmente, insistindo em utilizar essa palavra equivocada, o que ocasiona bastante a perpetuação desse erro.

Partindo desta análise, outros conceitos frequentemente atribuídos sem uma preocupação no seu significado e sem ter sequer um olhar aos investimentos na historicização destes que os historiadores vêm discutindo nos últimos anos, são “selvagem”, “descobrimento”, “civilização”, entre outros [cf. SILVA, 2015, p. 3-8].

O termo “civilização” é um dos mais problemáticos e tão frequentemente usado. Parece que sempre quando se trata de sociedades existentes na América antes da chegada dos europeus, surge uma necessidade de comparação com os Estados da Europa, a todo momento colocando as americanas como inferiores ou não civilizadas, salvo alguns raros casos. Nos livros didáticos, por exemplo, essa é uma realidade muito comum.

As sociedades indígenas do Brasil são bons exemplos deste caso de inferiorizarão em comparação aos Estados europeus, uma vez que como não tem uma organização estatal, automaticamente o ponto de vista de rebaixamento manifesta-se. Essas sociedades (as indígenas que habitavam hoje o território do Brasil) organizam-se em “grupos tribais”, uma vez que:

“Tribo é uma sociedade de agricultores sedentários, de no máximo alguns milhares de pessoas, que possui vários clãs e não apenas uma única linhagem de parentesco. Apesar de haver diferenciação de status entre seus membros, não tem nem uma estratificação social nem um chefe com poder de mando” [SILVA, 2009, p. 410].

Sendo assim, elas vão sofrer um longo e forte processo de preconceitos que envolvem desde as considerações de “preguiçosos”, por causa do modo em que eles vão conseguir e organizar a alimentação, até de selvagens ou ingênuos pela forma de organização social e cultural [CLASTRES, 2003, p. 210].

Dando continuidade, outro termo bastante utilizado (e tão problemático o quanto) sem um certo cuidado na sua conceituação é a expressão “descobrimento”. Segundo Kalina Vanderlei e Maciel Henrique Silva, quando se utiliza a palavra descobrimento, refere-se a vista pela primeira vez, ou seja, o que quer que seja foi achado pela primeira vez. Contudo, quando os Europeus chegaram ao continente americano já existiam pessoas morando neste local. A América já havia sendo habitada há milênios. Portanto, seria melhor o uso da palavra “descoberta”, já que diferente de descobrimento, esta expressão refere-se a um achado, mas não pela primeira vez. E decerto houve uma descoberta da América para a Europa, África e Ásia, que desconheciam este continente [cf. SILVA, 2009, p. 93-96].

E os problemas não param por aí, os mitos (aqui sendo empregados no sentido de imaginação deturpada da realidade) que são empregados é que são difíceis de lidar, pois geram preconceitos tremendos. Alguns dos mais embaraçosos são de que todos os “índios são burros” ou que “a superioridade bélica dos europeus” foi o que definiu a colonização da América [cf. RESTALL, 2006, p. 224-243]. Quando se estuda história do Brasil nas salas de aula do Ensino Fundamental e Médio, e o livro didático dá muita margem para isso, observamos que o processo de conquista foi quase exclusivamente através dos portugueses.

Exclui-se o fato de que foram os indígenas que compunham a maior parte das tropas lideradas pelos portugueses, por exemplo. Se esquece, também, de que depois do século XVI, os indígenas não desapareceram, muito pelo contrário, eles continuam muito atuantes em todo o processo de colonização. A criação de aldeias é um bom exemplo disso, uma vez que era necessário da ajuda dos indígenas para o trabalho nos engenhos, cidades ou vilas, para marcharem nas tropas nas batalhas travadas com povos estrangeiros (como os franceses, por exemplo) ou contra outros indígenas (considerados inimigos) que viviam no sertão [cf. CAVALCANTI, 2009, p. 22-24].

Além de cair no esquecimento dos autores dos livros didáticos por vários anos, a interdisciplinaridade que é proporcionada por algumas disciplinas ajuda muito a fomentar o imaginário de estereótipos associados a povos indígenas. Um bom caso é quando se trabalha, nas aulas de literatura, obras de autores que viveram no século XIX, como José de Alencar e seu livro “O Guarani”, por exemplo. Este período é muito complicado para se estudar história indígena, já que esses livros levantam falsas imagens sobre a cultura desses povos que até hoje são encarados como verdades absolutas em muitas das escolas do Brasil. O típico índio de tanga e cocar com penas, que sempre faz uma espécie de grito de guerra que é produzido ao se colocar a mão na boca, é um bom exemplo. Fora outras características. Lembrando que este também é o período em que o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro decide trazer um ensino de história ao Brasil, iniciando um processo de “busca de heróis nacionais” e do resgate da história, que ajuda muito na criação de estereotípicos para as características sociais e culturais indígenas [cf. COSTA, 2006, p. 56-59].

Propostas para o reensino
Tendo em vista tudo isto posto, é preciso que o ensino de história indígena seja revisto urgentemente. Sem dúvidas, uma boa medida foi tornar obrigatório o ensino desta temática nas salas do Ensino Fundamental e Médio das escolas do Brasil. Mas, como vimos, causou muito desespero justamente por causa de muitos fatores como o desconhecimento da temática, falta de entendimento de situações ou conceitos que devem ter sempre um olhar especial para análise de possíveis preconceitos (como o etnocentrismo, que é geralmente tão comum), por exemplo.

Rever conceitos é a primeira etapa. A substituição da palavra índio pelo termo “indígena”, por exemplo, é um significativo passo, já que vai substituir um termo usado de forma errada por muitos anos, e que ainda é tão comum nos dias atuais. No entanto, embora o termo “indígena” seja de uso correto, é ainda mais preferencial a utilização do próprio nome de cada povo, exemplo: maias, astecas, caetés, incas, potiguaras, entre outros.

Para a docência em sala de aula, debater esses conceitos é extremamente importante para o combate a preconceitos e também para a desmistificação de termos e situações que não condizem com a realidade dessas sociedades que já habitavam a América antes da chegada dos europeus. Podemos ainda encontrar como recurso diversos materiais.

O cinema pode ser um importante e interessante método de ensino, tanto para construir uma melhor apresentação do conteúdo, como para desconstruir situações que parecem estar invisíveis aos olhos de todos, porém, que estão presentes geralmente por trás dos fatos que são tão visíveis aos nossos olhos. Um bom exemplo é o filme Apocalypto (EUA, 2006), que aborda as sociedades maia e asteca, em que pode fazer uma análise das diferenças temporais e culturais dos povos citados que são abordados no filme, geralmente sem diferença e de forma confusa. É claro, sempre estando atento a quem irá recomendar este material [SILVA, 2016, p. 148].

Outra boa indicação de filme é “O Caminho para El Dorado” (EUA, 2000), pois ao se retratar de uma antiga lenda surgida na Mesoamérica, é uma excelente forma de se discutir o contexto de surgimento de várias formas de resistências contra os colonizadores europeus que várias sociedades indígenas da América criaram como tentativa de manter sua sobrevivência. No caso deste filme, a discussão sobre as mentiras como formas de reação as pressões da colonização [cf. BRUIT, 1993, p. 21-22].

Desta maneira, torna-se essencial o debate, estudo e incentivo de uma melhor qualificação de profissionais da educação no que se refere ao ensino da história indígena, para buscar solucionar essas problemáticas tão severamente ligadas a essa temática, assim como pensar novos meios de docência.

Referências
Wesley de Oliveira Silva é acadêmico em História, Licenciatura Plena, Pela Universidade de Pernambuco – Campus Mata Norte (UPE-CMN). Esse trabalho foi desenvolvido com auxílio financeiro da Bolsa de Monitoria da UPE, através da monitoria da disciplina de História da América Indígena da mesma universidade, tendo como tema do projeto “Revendo o Ensino de América Indígena” e como orientadora Kalina Vanderlei Silva. E-mail: wesley_oliveira18@outlook.com.

BRUIT, Héctor Hernan. O visível e o invisível na conquista hispânica da América. In: KOSSOVITCH, Elisa Angotti.  Caderno CEDES 30  – a conquista da América. Campinas, SP: Papirus. 1 Ed. 1993. p. 15 a 32.

CAVALCANTI, Alessandra Figueiredo. Aldeamentos e política indigenista no bispado de Pernambuco – séculos XVII e XVIII. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2009.

CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado – Pesquisas de Antropologia Política. São Paulo, Cosac & Naify, 2003. P. 208.

COSTA, Wilma Peres. A Independência na Historiografia Brasileira. In: István Jancsó. (Org.). Independência do Brasil: História e Historiografia. Independência do Brasil: História e Historiografia. São Paulo: HUCITEC/FAPESP, 2006, v. 01, p. 53-117, p. 56-59.
RESTALL Matthew. Sete mitos da Conquista Espanhola. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.

SILVA, Kalina Vanderlei. Dicionário de conceitos históricos / Kalina Vanderlei Silva, Maciel Henrique Silva. – 2.ed., 2ª reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2009.

SILVA, Kalina Vanderlei Paiva da. Somos Todos Selvagens: O Conceito de Civilização, a Crítica Historiográfica e o Ensino de História. Boletim Tempo Presente (UFRJ), v. 01, p. 03-08, 2015.

SILVA, Kalina Vanderlei Paiva da. Usando biografias para ensinar história indígena. In: BUENO, André; ESTACHESKI, Dulceli; CREMA, Everton. (Org.). Para um novo amanhã: visões sobre aprendizagem histórica. 1ed.Rio de Janeiro/União da Vitóri: LAPHIS/Sobre Ontens, 2016, v. p. 148-167.

18 comentários:

  1. Bom dia professor, gostaria de parabenizar pela escrita e coerência no texto, suscitando debates que precisam ser pensados e discutidos por nós docentes e pesquisadores/as. Diante do exposto, fiquei pensando em dois pontos fundamentais no tocante aos conceitos citados e a problemática apresentada: a elaboração dos currículos escolares e a formação docente para atuar, problematizar e tornar possível a desmistificação da ideia de descoberta, civilização, inferioridade e a sintetização dos povos ameríndios pela categoria "indígenas". Diante disso, gostaria de saber como o senhor avalia estes dois pontos dentro da conjuntura educacional que vivemos dialogando com a sua experiência prática em sala de aula? Qual a receptividade do alunado frente a este debate? Como se dá o processo de quebra de estereótipos? Estes são realmente desmistificados?
    Att.
    Jessica Caroline de Oliveira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    3. Boa noite, Jessica. Obrigado pelos elogios e pela pergunta. A formação acadêmica de cada estudante não se resume, apenas, as ementas passadas pelos professores nos cursos de graduação. É sempre muito bom procurarmos ampliar nossos horizontes. Diante disso, cabe a qualquer profissional buscar sempre se atualizar, investigar e, consequentemente, aumentar seu arcabouço intelectual. Os parâmetros educacionais hoje em dia no Brasil inserem a temática "História Indígena" como obrigatória. Cabe ao professor buscar se atualizar, para que o ensino ocorra da melhor forma possível. Desta maneira, a construção de alguns conceitos e a desconstrução de outros pode ser feita através da discussão e exposição do conteúdo. Por exemplo: antes de estudar as sociedades indígenas da América, é preciso fazer uma aula de introdução à América Indígena, mostrando o discurso comum e, só depois, fazer as devidas considerações sobre as problemáticas. Entendo que chegar em um ambiente escolar já provocando desconstruções, não surtirá bons efeitos. Falo isso por experiência.

      Outra coisa que precisa ser evidenciada: conceitos históricos são trabalhados em várias das temáticas que são exigidas nos currículos do ensino de história. Vamos lá ver um bom exemplo: a palavra “civilização” é constantemente vista quando se retrata a "Antiguidade". Antes do período citado, quando ensinamos "O Período Antes das Escrita" (eu não utilizo mais o termo Pré-História, por discordar do seu significado), vemos que o homem, ao decorrer dos anos, passou a criar diferentes formas de organização social, vivendo em "bandos", "Estados", "tribos" (não estou me remetendo a classificação evolutiva, muito pelo contrário) por exemplo. O debate desses conceitos deve ser visto a partir daí. Então, o processo de reensino é longo, já que estamos lidando com várias realidades muito difundidas por muitos anos. Utilizarei de exemplo o Ensino Fundamental II: história do Brasil começa a ensinado no 7° ano do fundamental. Consequentemente, história da América Indígena também. No entanto, no 6° ano trabalhamos conteúdos como “O povoamento da América”, a partir disto, nesse ano (o 6° ano) já podemos trabalhar com o conceito de “descobrimento”. Quando os alunos chegarem ao sétimo ano, já vão estar cientes de vários termos e seus significados, por isso, ao se trabalhar com a chegada dos europeus na América no século XV, eles vão saber que não foi um descobrimento, mas uma descoberta, pois sabem da existência de povos nesse continente há milhares de anos. Novamente, o trabalho é longo.

      Sobre a receptividade dos alunos: já trabalhei (e trabalho) com o ensino Fundamental e Médio. A receptividade dos alunos sempre é muito boa. Contudo, nunca fico apenas na fala, gosto de procurar sempre fazer oficinas e práticas pedagógicas para que os alunos consigam compreender melhor as coisas. Lembrado sempre que procurar trabalhar com essas problemáticas evidenciadas no texto, é um processo duradouro. Vamos lá a exemplos: gosto de passar livros paradidáticos (sempre estando atento a quem eu vou passar esse texto) que trabalhem com a cultura dos indígenas, ou passo filmes, ou passo histórias em quadrinhos (ou eu mesmo crio algumas) para que o lúdico ajude a construir o que eu estou querendo propor. Oficinas de pintura, dramatizações, são sempre bons materiais. A recepção é boa? Sim. Em todas as turmas que eu já passei percebo que conseguir semear bons frutos e observei que nasceram bons resultados. E eles aprendem. Então a chave é pensar em maneiras de ensinar e ter paciência para exercer a docência. Para finalizar, nós podemos utilizar outros conceitos para substituir a palavra "indígena", como ameríndios, por exemplo, uma vez que se sempre nos remetermos a este conceito, vamos acabar criando aglutinações.

      Excluir
    4. Agradeço pelas respostas, Wesley. Ainda que elas provoquem novas questões, afinal, partindo da minha realidade acadêmica e docente, existe um abismo entre a obrigatoriedade de um currículo e a práxis em sala de aula, como também, a busca pelo aperfeiçoamento profissional, o qual soa uma tarefa individual. E isso me incomoda, pois me vejo nadando contra a maré ao fomentar debates sobre os povos tradicionais, questões étnico-raciais e de gênero e, ainda que também perceba os frutos que tais discussões geram, gosto do coletivo, do diálogo, da interdisciplinariedade e da não redução destes temas as aulas de História. Falo isso porque, assim como você, me utilizo de diferentes materiais para abordar estes temas, os quais poderiam ser problematizados por alguém de letras, de geografia, da arte e até da matemática. Talvez o que falte seja não só boa vontade em se atualizar-se, como também, sensibilidade para integrar estes conteúdos de forma efetiva e não de modo transversal (como é o que acaba acontecendo em alguns casos).
      Por fim, outro ponto que me incomoda muito são as aglutinações que você mencionou. Devo dizer que enquanto etno-história, evito usar indígenas, ameríndios ou povos originários quando sei de quem falo e para quem estou falando, isto é, os denominamos assim pela incapacidade de perceber e respeitar suas particularidades históricas e culturais, deste modo, busco identificar de quem falo, seja Kaingang, Kaiowá, Xokleng, ou suas ramificações, como Kamés, Dorins, Votorões, Mbyás, enfim. Isso parte das leituras da historiografia africana, Carlos Moore salienta essa premissa em não sintetizar os povos, visto que eles se reconhecem conforme suas peculiaridades. Diante disso, como você aborda essa questão em suas aulas e como problematiza as construções socioculturais a estes sujeitos alocadas enquanto categorias sociais, cujo peso denotou lugares, hierarquias e exclusões da e pela sociedade envolvente.
      Att.
      Jessica Caroline de Oliveira

      Excluir
    5. Boa noite, Jessica. Também fico bastante incomodado e até triste, pois sei que essa luta que travamos em sala de aula (procurando fazer esses debates) é muito difícil. Reconheço que esse abismo que se tem entre a obrigatoriedade do ensino e o que é realmente ensinado em sala de aula, infelizmente é muito individual. Mas esses passos que estamos dando na educação são essenciais. Eu participo de um projeto de extensão que vai em escolas justamente discutir o que propus no texto. Esses são passos importantes, embora o caminho percorrido é muito grande e necessita cada vez mais de profissionais que se capacite para isso, ou nunca vamos sair do lugar. É uma luta difícil, mas necessária. Sobre a interdisciplinaridade, eu também sempre procuro fazê-la, fazendo "encontros" ou "eventos" na escola com outros professores de outras disciplinas para cada vez mais discutir sobre esta temática. Sobre a questão de utilizar palavras como "indígenas" e "ameríndios", por exemplo, discordo um pouco da sua visão por um simples motivo: eu utilizo essas palavras sempre partindo da perspectiva geográfica, não cultural, até mesmo pelo conceitos delas. Quando faço trabalho no viés sociocultural, concordo perfeitamente com você, acho necessário identificar quem eu falo. Abraços!
      Att.
      Wesley de Oliveira Silva

      Excluir
  2. Boa tarde! Nossos livros didaticos trabalham muito pouco sobre os povos indigenas. Eu acredito que deveria haver uma disciplina especifica para tratar em sala de aula dobre etnicidade(indios, negros, imigrantes e refugiados) o que você acha?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite, Benedito. Obrigado pela pergunta. Eu acho que já existem disciplinas que fazem esse papel, elas se chamam "história" e "sociologia", por exemplo. Por que digo isso? Ao se trabalhar com história ou sociologia, consequentemente utilizamos a antropologia e etnografia como apoio. Isso já é muito importante e dá para se trabalhar com etnicidade. E não é interessante para um profissional se resumir ao livro didático, sempre procuro utilizar textos de apoio (é claro, tendo atenção para quem estou passando esses textos).

      Excluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Prezado Wesley Oliveira,
    parabenizo-o pelo trabalho, que toca em uma questão delicada. Concordo plenamente com a nomeação dos povos, em vez de reuni-los em rótulos como "índios", o que Quijano já denunciava como parte do processo de colonização das mentalidades. Sou da área da Literatura e vejo-me na obrigação moral e legal de abordar a cultura indígena em sala de aula. No entanto, esbarro com a falta de material escrito a respeito das manifestações culturais dos povos indígenas brasileiros. Como resido e atuo em uma região sem contato com indígenas, a interlocução direta fica difícil. Dessa maneira, você teria alguma sugestão de como acessar a rica cultura dos indígenas brasileiros, que é marcada pela oralidade?
    Enfim, penso que romper estereótipos é tentar exercitar outras formas de articular o mundo. Um divisor de águas no que tange à forma de pensar o mundo, para mim, foi a leitura de "Malinche", de Laura Esquivel, que deixo como sugestão, pois a narrativa, ao dar voz a uma das personagens indígenas mais marcantes da colonização da América, expõe a complexidade das relações tribais entre si e com os europeus recém-chegados. Se você também tiver uma sugestão de obra para ampliar meus horizontes, agradeço.
    Atenciosamente,
    Tatiane Kaspari.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite, Tatiane. Obrigado pelo elogio! Bom, tenho algumas indicações para você ler, inclusive, conheço esse livro que você citou em sua pergunta. Trabalho com história indígena, procurando fazer um resgate desses povos que são vítimas de tanto preconceito e esquecimento hoje em dia. Leia os que usei como bibliografia do meu texto e, alem desses, leia os livros de Daniel Munduruku, são ótimos e certamente responderá várias perguntas que você tem. Abraços!

      Wesley de Oliveira Silva.

      Excluir
  5. Boa tarde Wesley, parabéns pelo tema abordado, concordo plenamente quando você fala em capacitar os profissionais da educação para melhor se trabalhar a questão indígena, haja vista que hoje, temos Escolas Indígenas de Educação Diferenciada. Falando a nível Nordeste especificamente Paraíba, existem professores em algumas destas escolas, que mesmo sendo indígena e trabalhando numa escola indígena ainda encontra dificuldades em trabalhar a temática, mesmo tendo participado de diversas formações continuadas. Gostaria de ouvir sua opinião sobre o que deve ser feito para solucionar esta questão. De que maneira agir quando o próprio educador é indígena e não se reconhece enquanto tal?

    SIMONE MARIA DA SILVA

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite, Simone! Esse é um fato muito triste, contudo, comum de várias sociedades indígenas atuais. Embora não se reconheçam como indígenas, por vários motivos (históricos, culturais), sua identidade foi perdida e/ou alterada. Sugiro, então, algumas medidas:
      1. Fazer círculos de discussões com essas pessoas sobre as temáticas "cultura" e "história" das várias sociedades indígenas do Brasil. Com isso, a contextualização que os debates tratará (e deverá ser trabalhado isso para obter bons resultados), vai elucidar várias dúvidas e construir muitas noções para essas pessoas que muito provavelmente não sabem ao certo sobre sua historia, a história do seu povo. Isso é muito importante, pois vai ajudar a resgatar a história indígena no Brasil e criar o sentimento de luta contra os problemas apresentados no meu texto e sua pergunta.
      2. Leia os artigos "Somos todos Selvagens", da professora Dra. Kalina Vnaderlei Silva, e livros de Daniel Munduruku, que trabalha justamente com essas questões que você apresentou, assim você vai conseguir várias ideias e soluções. Boa sorte!
      Abraços!

      Wesley de Oliveira Silva

      Excluir
  6. Boa tarde, quando você abordou a fabricação do termo índio e sua utilização posterior, criticou a utilização do referido termo nos dias atuais em diversas mídias, até mesmo nas de entretenimento voltadas ao público leigo, como filmes e séries. Apesar de eu concordar que a utilização do termo índio é altamente generalizante e reprodutora de estereótipos e que o emprego do termo indígena é muito mais adequado (mesmo que menos que comparado com denominar o povo especificamente a que se refere), possuo o seguinte questionamento: como fazer essa alteração de terminologia ocorrer nas mídias nacionais? E, mais especificamente, como essa mudança terminológica nas mídias brasileiras poderia ocorrer de forma não vertical, sem o emprego de uma regulação legal estatal para tal (que ao meu ver não deve ser a forma utilizada para isso)? Seria uma mudança na formação universitária dos comunicadores sociais (jornalistas, radialistas e outros) e artistas (diretores, roteiristas e outros) o bastante para gerar uma abordagem mais humana e menos estereotipada nas mídias nacionais? Desde já agradeço a atenção.

    Raul Fagundes Cocentino

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite! Obrigado pela pergunta. Essa é uma questão muito delicada e que não vai acontecer do dia para a noite. As transformações vem de baixo para cima. Então, o reensino de história indígena tem que ser feito antes de mudar de uma hora para outra tudo, uma vez que não adianta só mudar se o povo não entender o porquê da mudança e a diferença entre os termos. Justamente por isso esse texto coloca várias propostas para que os profissionais da educação revejam suas formas de ensino para que o debate sobre esses termos sejam ampliados para alcançar toda a sociedade (ou a maior parte dela), desmistificando esses conceitos, reescrevendo a história e construindo novas ideias. Abraços!
      Wesley de Oliveira Silva

      Excluir
  7. Prezado, parabéns pelo trabalho. Você já pensou em adaptar a linguagem para o desenvolvimento com alunos do primeiro seguimento?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Boa noite! Obrigado pela pergunta. Já pensei, mas nunca parei para escrever. Fica, então, como um projeto futuro meu. Abraços!
      Wesley de Oliveira Silva

      Excluir
  8. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.